Não
sei porque o faço, não sei porque o deixei de fazer, a verdade é que sinto
falta das palavras, não consigo viver sem elas, sinto a sua alma e a sua
essência, sinto o que fazem por mim, olho para dentro de cada uma delas e
revejo a minha personalidade, o meu desejo , a minha angústia, olho para cada
uma delas como únicas, olho para a sua história e para o seu passado e não me
esqueço do que querem de mim no presente e do que farão de mim no futuro, não
sei o que pensam de mim, sei que existem e que querem ser conhecidas, sei que
me fervilham no pensamento e me deixam inquieto, as palavras que guardei
durante este tempo levaram-me para sítios onde nunca estive, percorri o mundo
sem nunca ter saído desta esfera redonda, vi pessoas que não sei se existem,
vivi sentimentos que jamais senti e mergulhei num mar ainda por descobrir, este
é o poder das palavras, este é o poder do nosso querer, da nossa vontade, do
nosso destino, é o lugar onde tudo pode acontecer, o momento imaginário, o grito do silêncio, o chão onde pisamos, estas são as palavras, simples, anónimas, caras, presunçosas, materiais, imortais, meigas e respeitosas, são tantas, são as que escrevo e as que ainda vou escrever, são as que penso e que não me deixam adormecer, são as que sinto, as que mudam de significado, as que sonho, as que vejo no escuro, são intemporais, infinitas e inesgotáveis.
Na descoberta de uma nova palavra somos confrontados com tantas que não conhecemos que nos apraz dizer que dentro de nós existe sempre algo desconhecido, que neste dia, alguém irá aparecer, falar e dizer qualquer coisa que por nós nunca foi ouvido, a isto chamamos crescer, aprender e respeitar atitudes e comportamentos que desconhecidos podem pronunciar a melhor razão do saber.
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