Tudo o que preciso é de uma página em branco, é deste silêncio que invade o escuro do meu quarto, tudo o que preciso é olhar em volta e nada ver, assim como agora, assim como te escrevo, de costas voltado a ouvir o som das palavras que tenho dentro do meu pensamento, de repente tudo começa a ganhar vida, do escuro do meu quarto desperta uma lenta e demorada penumbra que vai abrindo o meu horizonte, que me mostra a existência de algo para além da escuridão, começa a ficar mais forte, mais intenso, o silêncio, continua a fazer-se ouvir, ele e o som das palavras que me deixam acordado neste quarto de incertezas, será possível que os meus olhos consigam ver o mundo deste pequeno e escuro lugar, esse mundo imenso que espera por mim, esse mundo que ainda tem tanto para me dizer, que ainda tem tanto para ouvir. Por esta altura a claridade que daqui emana já me deixa diferenciar onde estou e por onde quero caminhar, o sítio parece apertado e com uma única saída ou direção, mas isso era se ...
"nenhum outro ruído é tão inquietante como aquele que sobra das palavras que se não dizem." Júlio Montenegro