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A mostrar mensagens de outubro, 2013

Se é saudade

Saudade, se é, que seja forte, intensa, violenta e excessiva no sentir, que seja levada até às lágrimas ou até à profunda verdade. Se é saudade, que seja doce na admiração, que seja simples de gestos e vontades, que seja em forma de silêncio ou que se pronuncie num grito inaudível. Se é saudade, então que seja cúmplice no corpo e no desejo, que seja de orgasmos mútuos e proibidos, que seja a beleza do que é belo, o suor do sofrido e a palavra da solidão. Se é saudade, que seja no tempo eterno do abraço, no enigma do beijo e na litigância dos sentidos. Se é saudade, que seja o presságio comovido do olhar que deixa escapar a dor e irrompe do coração uma espécie de tumulto. Se é saudade, então que seja um texto escrito a quatro mãos, que ame sem cura e sofra sem remédio. Se é saudade, que seja de ti e de mais ninguém.   

Somos mais...

Como se a vida me desse a faculdade de tal intento, como se o teu olhar fosse desaparecer da minha vista ou o teu cheiro do meu pensamento, como se os bolos de chocolate fossem isso mesmo, como se o grito fosse feito de eternos silêncios ou o desenho fosse tudo o que um lápis pode fazer. Somos mais, somos mais que palavras que estão por dizer, somos mais que o abraço que ainda está por acontecer ou o sorriso que ainda está por abandonar, somos mais que o adormecer, somos mais que o querer, somos mais que a tempestade ou o sabor da verdade, somos mais que o sentir, somos mais, somos muito mais do que podemos parecer. E, ainda assim, até quando, juntos, vamos conseguir viver um sem o outro...   

Já não sei

Já não sei porque apagas a luz tão cedo. Já não sei porque te deitas de olhos abertos ou porque esperas por mim para te cobrir. Já não sei onde pões esse beijo que procuro antes de to dar ou esse desejo que sentia antes de desejar. Sei que, afinal os anjos têm sexo entre eles e, às vezes, comigo. Sei que, escasso é o corpo para tanta vontade e doce é o caminho que perturba o sabor.   

Fim do dia

Por isso, no final de cada dia, recolho ao silêncio, e nos braços da quietude, retempero o que sou e o que exprimi, entrego-me a mim mesmo, em rodopios inventados que vou compondo numa memória de incertezas. A vida, em si própria, é muito mais do que aquilo que é capaz.

Deixas tanto de ti em mim.

Deixas tanto de ti em mim. Deixas o teu cheiro, a tua natureza, a pele que ainda sinto. Deixas o gosto do abraço. Deixas o apelo e o sonho desgovernado. Deixas o corpo que chora e a história mal contada. Deixas a sombra e a certeza. Deixas o nada e o tudo para sempre. Deixas o teu mundo tão longe. Deixas a tua voz, o momento e o canto da tempestade. Deixas o mar sozinho e o céu tão perto. Quanto tempo fomos, quantos dias, quantas estradas e quantas vidas serão, quantos desertos e quantas metades, quanto silêncio e quantas vontades. Ninguém sabe, ninguém tão perto. Sei de ti e sei que deixas tanto de ti em mim. Isso basta-me.

Exactamente

Hoje, quero saborear as palavras que não escrevo, quero senti-las sem que ninguém perceba, quero vivê-las sem ninguém por perto. Hoje, quero-te exactamente no lugar onde estás...

Finalmente

Em torno de ti rodopiam os meus sentidos e regressam as vontades figuradas, no teu colo nasce um sedento desejo, uma encenação do teu vestido curto, um modo de estar onde o medo e o amor se conjugam. Finalmente, fechas os olhos e deixas em mim o momento que sobra das palavras que se não dizem.

Mil vezes

Mil vezes o coração bate desesperado, outras mil inquieto e mil vezes magoado, mil vezes ele bate por amor e outras mil por indiferença, mil vezes ele bate inutilmente e outras mil arrependido, mil vezes ele bate extasiado e outras mil mimado e acarinhado, mil vezes bate em silêncio e outras mil apaixonado, e depois de tantas mil vezes bater, chegamos a números que não cabem numa vida.   

Mais perto

Estou mais perto de ti, estou com o sentido no teu olhar, no teu ser, estou a caminho do teu adormecer. Fica a palavra por dizer ou o gesto por ter, fica a música por ouvir ou a verdade por querer, fica o sofá vazio e a cama por fazer. Só o sentimento do amor é quem tem a coragem de se fazer ao caminho para ter o direito de chegar a si mesmo e poder partir de novo.