Soube de uma mãe que nunca disse ao filho que era cego, então ele fazia todas as tarefas de casa que sua mão lhe pedia, cozinhava, limpava, ia às compras, o mundo aos seus olhos era assim e assim seria para toda a gente, irmãos, pai, mãe, amigos, vizihos, já na escola primária se apercebeu que era diferente, pois seus amigos gozavam com a sua situação, a partir daqui, sabendo ele que era diferente de outros, a sua vida mudou, ele ficou com a certeza que o mundo não era visto por todos mas só por alguns, ele era um privilegiado, pois ele sabia como via o mundo, ele entendia o que via, ele vivia na felicidade, para ele, tudo era de uma só cor e todas as pessoas eram iguais, não existia o alto, o magro, o gordo, o feio, o bonito, a cor da pele, existiam as palavras, os cheiros, o vento, as descidas e as subidas, os degraus, o tacto, o carinho, existia a ventura aos seus olhos...,na nossa vida, muitas vezes, de olhos bem abertos nada vemos senão a nossa razão, a nossa emoção, o nosso objectivo, então mais tarde, já crescidos e imbuídos de carácter e dignidade, apercebemo-nos que fomos cegos de ser, de viver, porque o verdadeiro sentido da vida está presente nos olhos do nosso coração, aquele que nada vê mas que tudo sente.
Na descoberta de uma nova palavra somos confrontados com tantas que não conhecemos que nos apraz dizer que dentro de nós existe sempre algo desconhecido, que neste dia, alguém irá aparecer, falar e dizer qualquer coisa que por nós nunca foi ouvido, a isto chamamos crescer, aprender e respeitar atitudes e comportamentos que desconhecidos podem pronunciar a melhor razão do saber.
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