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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2013

Segredo

Tenho uma confissão a fazer-te, um segredo que quero que guardes, que quero deixar em ti, não quero que me interpretes mal, não quero melindrar-te ou preocupar-te, é simplesmente um segredo, daqueles que todos sabem mas que ninguém admite saber, daqueles que só alguém muito especial sabe, daqueles que só depois nos apercebemos que conhecemos tanta gente especial, mas ainda assim, vou contar-te um segredo, lembra-te de não o partilhares, nem comigo. Senta-te aqui ao meu lado, fecha os olhos e escuta, descobre o amor que pode vir deste silêncio que estás a escutar, sente a força de um abraço que não estás a abraçar, percorre esse caminho que está por descobrir, alimenta este momento na tua vida, abre o coração e deixa-te conhecer, deixa-te apaixonar pela tua beleza, mostra ao saber a ponte que atravessa os dois lados do teu sorriso e desvenda o segredo, o tal segredo que todos querem saber, esse mesmo, o que acabei por não te dizer…

Demora

Olhar os teus olhos, ouvir a tua voz sem perceber o que dizes, retrato sem rosto com sentir de saudade, mistura de limão e canela, o teu encanto, sentido o amargo da distância e o silêncio do desejo, entrar no pensamento de uma dança, sem recusar ou recuar, estou aqui porque não posso estar em mais nenhum lugar. São as palavras, os gestos, os olhares, as memórias de um presente que não se esquece e de um passado que permanece, o valor da música e a força de expressão, não encontro espaço ou porta que se abra, encontro a janela do tempo e o mesmo tempo que demora em chegar, mais sabor, mais pronúncia, ser diferente na procura da diferença dos outros, são páginas de um livro sem elenco, sempre e para sempre…    

Presságio

Sou eu mesmo, esse desenho feito de sombras que me perseguem e que desconheço as íntimas e verdadeiras provocações, não será por acaso que o lápis toma o caminho pelo desconhecido, e de papel em papel se projecta num presságio de silêncios mal amados e desconfiados pelo medo. Sou eu, entre ti e tu, sempre sobre uma linha que se confunde com um destino, sou o desenho e o que o desenho é de mim, que pode incluir tudo, até este tempo ou um outro qualquer, até uma saudade que não vou admitir ou um pensamento que não quero demonstrar. Porque não um novelo de cansaço, um corpo adormecido ou uma esperança esquecida. Sou eu, um exército de raros momentos que perfilam a devoção até chegar outra palavra, outro sujeito ou outro verbo, atá ao dia em que a dor deixa de doer e o desenho deixa de escrever. 

Quatro ventos

Perdi a voz na vida, uma razão de quatro ventos e dois gritos que não deixam sair as minhas asas, o caminho que não é o castigo, é a ilusão de um silêncio que acaricia o céu e esquece a dor. Invento horizontes e cubro o adormecer com um dia frio de vitórias e gostos desmedidos. Quero viver o inesperado e saber que o simples é vivido sem preconceitos, com gratidão e amizade, quero pintar as paredes que me rodeiam de cores vivas, gestos nobres e momentos únicos, quero os teus olhos, quero dizer mais e falar menos, quero esquecer a luz e viver na penumbra do diz-me tu, diz-me tu se a solidão faz pensar e ver melhor na escuridão, diz-me tu onde estão os meus passos, diz-me por onde vão, e as memórias, e as páginas em branco, quem as vai escrever, quem as vai ler. Só quero afastar a tristeza de um coração sem cor e sem melodia, quero dizê-lo baixinho, quero a tua poesia e a tua alegria, quero soletrar bem devagar as palavras que nunca te direi, quero soltar os mesmos quatro vento...

Desarrumação

Sinto a tua desarrumação, a angústia do teu silêncio, a verdade do teu olhar, o aceno à janela, a casa fresca numa tarde de verão, o chocolate negro e amargo limão. Saúdo as palavras que não entendo, o mergulho que ainda não tentei, vivo a canção que ainda não sussurraste para mim, a magia de um gesto e o telefone que não toca, a carta que ainda não me escreveste. Sinto a falta de te olhar um passo à frente, da inocência da culpa e da verdade que escondes, sinto falta do lápis com que desenhas o meu sabor, do sossego que preserva a alma, da escuridão que relança a luz do próximo dia, do ego onde pernoitam os anjos e os demónios, sinto falta do estrangeiro que trago dentro de mim, sinto falta do pedaço de corpo que repousa no teu ombro e da forma carinhosa e poética onde desaguam os nossos desejos, sinto falta do medo que se esconde atrás da porta. Não é relevante saber o caminho, relevante é saber como caminhar, relevante é sairmos do limbo, evitar o purgatório e merecer a eternidade...

Em mim

Quando veio, veio num olhar e num gesto vazio, veio sem pedir e sem levar o medo, falei-te ao ouvido e disse-te para não partires, nunca mais. Hoje, cada gesto, cada noite, cada luar és sem mim, és tudo, abraço-te como se fosses vida em mim, como se fosses tempo no tempo, um beijo que roubo no pensamento, um beijo perfeito e de perfume intenso, uma presença que voa em cada gesto, um olhar que não sei se conquistei. O momento, posso eu estar longe ou perto, aqui e agora no teu mundo, porque entras no meu sonho e contas histórias, vives memórias para no fim voltares a partir sem me levares, está frio e o teu beijo deixa-me ao alcance, quando te vais, ficas longe, e é longe viver em ti, fica longe esta melodia que escrevo para ti. Podes ser o deserto ou a penumbra, podes ser o silêncio das estrelas do meu quarto, podes ser tudo. Trazes a tempestade e os ventos de areia, ficas perto da margem, perto da distância, agarra-me, deixa-me em ti este sentir, deixa em mim o tanto que tens de ti ...

Sinto falta

Sinto falta do tu, sinto falta de te dizer, sinto falta de te ouvir e de te ler. Sinto falta do passado e do presente, sinto falta do abraço e do saber, sinto falta de te ver nascer, sinto falta de ouvir o teu silêncio. Sinto falta dos teus olhos e do teu aperto, sinto falta das palavras que nunca me disseste, sinto falta da tua justiça e da verdade que trazes no bolso. Sinto falta de caminhar ao teu lado e de ouvir o barulho da chuva, sinto falta de me habituar ao escuro e do teu cheiro. Sinto falta do nosso encontro enquanto sonho, sinto falta de não te esquecer, de me lembrar que te lembras de mim, sinto falta de atravessar a rua e olhar o outro lado do rio. Sinto falta da cadeira onde te sentavas, do teu lugar na mesa, sinto falta de te ver de olhos fechados, sinto falta de te viver, sinto falta da conquista e do juro qualquer coisa, sinto falta de não pertencer, de simplesmente ser. Sinto falta do verbo e da escola, sinto falta do caderno aos quadradinhos e da professora, sinto ...

Palavras

São as palavras que fazem o que querem de mim, são reconfortantes, amorosas e brutais, são as palavras autênticas e discretas que nos fazem sorrir e sonhar, são recreativas, muitas surrealistas com ar satisfatório, empolgantes e extremas, são únicas, arrasadoras e estonteantes, conseguem ser provocadoras e controláveis ao mesmo tempo, inconsequentes e inesgotáveis, são novas e intrigantes no seu propósito, instáveis e com sentido ideal, muitas angelicais e gostosas, majestosas e complexas, conseguem ser doces, incontornáveis e calorosas, encantadoras, são presente no intemporal e inigualáveis na importância, são marcantes e efémeras, lindas e inesquecíveis, são fantásticas e esmagadoras, um aconchego delicioso, sensuais e confiantes, são sempre eternas e secretas, pensativas com ar inspirador e de devastadora emoção, são marcantes para todo o sempre, felizes, saborosas e imparáveis, são mesmo assim, são as palavras que nunca acabam, que nunca deixamos acabar, são o retrato do pensame...

Podes ser...

Podes ser o espectador ou então o protagonista, podes ser o rebelde ou o sensabor, podes sempre mostrar animosidade ou então mostrar um sorriso, podes contestar ou então construir, podes copiar ou ser copiado, podes seguir o mundo ou então fazê-lo seguir, podes olhar para a vida ou então deixar que a vida olhe para ti, podes olhar o mar ou então mergulhá-lo, podes pisar a areia ou então construir castelos com ela, podes ter relógio ou então um horário a cumprir, podes ouvir o grito ou então deslumbrar o silêncio, podes viver no passado ou então estar um passo à frente do presente, podes ter um segredo ou então deixar que o segredo te encontre, podes ancorar o barco ou então deixar que o mar o guie, podes ser alguém completamente indiferente ou então ser alguém que faz a diferença, podes ser um discurso bonito ou então uma acção anónima,   podes ser mais um ou então o único, o importante é que tens sempre a oportunidade de ser…               ...