Sinto
a tua desarrumação, a angústia do teu silêncio, a verdade do teu olhar, o aceno
à janela, a casa fresca numa tarde de verão, o chocolate negro e amargo limão. Saúdo
as palavras que não entendo, o mergulho que ainda não tentei, vivo a canção que
ainda não sussurraste para mim, a magia de um gesto e o telefone que não toca,
a carta que ainda não me escreveste. Sinto a falta de te olhar um passo à
frente, da inocência da culpa e da verdade que escondes, sinto falta do lápis
com que desenhas o meu sabor, do sossego que preserva a alma, da escuridão que
relança a luz do próximo dia, do ego onde pernoitam os anjos e os demónios,
sinto falta do estrangeiro que trago dentro de mim, sinto falta do pedaço de
corpo que repousa no teu ombro e da forma carinhosa e poética onde desaguam os
nossos desejos, sinto falta do medo que se esconde atrás da porta. Não é
relevante saber o caminho, relevante é saber como caminhar, relevante é sairmos
do limbo, evitar o purgatório e merecer a eternidade…
Na descoberta de uma nova palavra somos confrontados com tantas que não conhecemos que nos apraz dizer que dentro de nós existe sempre algo desconhecido, que neste dia, alguém irá aparecer, falar e dizer qualquer coisa que por nós nunca foi ouvido, a isto chamamos crescer, aprender e respeitar atitudes e comportamentos que desconhecidos podem pronunciar a melhor razão do saber.
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