Sinto
falta do tu, sinto falta de te dizer, sinto falta de te ouvir e de te ler.
Sinto falta do passado e do presente, sinto falta do abraço e do saber, sinto
falta de te ver nascer, sinto falta de ouvir o teu silêncio. Sinto falta dos
teus olhos e do teu aperto, sinto falta das palavras que nunca me disseste,
sinto falta da tua justiça e da verdade que trazes no bolso. Sinto falta de caminhar
ao teu lado e de ouvir o barulho da chuva, sinto falta de me habituar ao escuro
e do teu cheiro. Sinto falta do nosso encontro enquanto sonho, sinto falta de
não te esquecer, de me lembrar que te lembras de mim, sinto falta de atravessar
a rua e olhar o outro lado do rio. Sinto falta da cadeira onde te sentavas, do
teu lugar na mesa, sinto falta de te ver de olhos fechados, sinto falta de te
viver, sinto falta da conquista e do juro qualquer coisa, sinto falta de não
pertencer, de simplesmente ser. Sinto falta do verbo e da escola, sinto falta
do caderno aos quadradinhos e da professora, sinto falta do recreio e das caricas,
sinto falta de ficar contigo e de acordar tarde, sinto falta do labirinto e de
encontrar a saída, sinto falta do acaso e de dar cambalhotas. Sinto falta das
torradas e da cevada a altas horas da madrugada, sinto falta da gargalhada e de
ver os teus olhos brilhar, sinto falta do lado esquerdo da cama e da luz acesa
enquanto leio. Sinto falta do treino e da água, sinto falta dos ditados e das composições, sinto falta do medo, do íntimo
e da vida que não deve ser. Sinto falta do desarrumo dos desejos e das asas
para poder subir à terra.
Na descoberta de uma nova palavra somos confrontados com tantas que não conhecemos que nos apraz dizer que dentro de nós existe sempre algo desconhecido, que neste dia, alguém irá aparecer, falar e dizer qualquer coisa que por nós nunca foi ouvido, a isto chamamos crescer, aprender e respeitar atitudes e comportamentos que desconhecidos podem pronunciar a melhor razão do saber.
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