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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2013

O sonho...

Da realidade se faz o sonho, esse que dizem comandar a vida, esse que por doce enigma não revela se é o corpo ou a mente, nesse sonho onde tudo pode e deve acontecer, onde o desejo se transforma numa nua e cruel realidade, numa visão de dor, de tão nobre e bela que é, caminho por esse lugar, onde imagino a tua presença, onde estás na realidade, sentada junto ao fogo, desnuda de todos os desejos e preconceitos, simplesmente presente e a desvendar a cor, o sentir, uma visão de emoções, de palavras que não se dizem, que se sentem, de um olhar que não se vê, que se troca, de um gesto que não toca mas arrepia, assim, sentado ao teu lado a admirar o que a alma me vai dizendo, perdido nessa lua cheia onde distingo o teu ser no amor, no alvoroço de um sonho que não me deixa dormir, nas palavras que não me deixam falar, que servem em murmúrios para se agarrar à vereda de um texto, a arte do sonho que se envolve em corpos suados, imaculados, que olha pela janela e espreita o frio, que impre...

o teu ser...

Do mais puro e instinto sentir é esta a encenação que liberta o traço e o fascínio pelo querer, ouço, leio e sinto as tangências de um assédio petrificado, libertador e extasiado, num destes escritos que babam de cobiça, dobra-se o ser sobre si mesmo, numa coreografia de desejo que não tem fim, é uma dança desnuda em lençóis de amarras, é um mar de sentidos, o corpo que cerco, onde de peregrino faço um caminho sem fé, visto assim, é o finito, o primeiro e o último, é da lonjura onde nasce o olhar, é um prenúncio difuso e íntimo, o que posso eu dizer além do sempre, como não é perturbador saber se o sentir é o acessório do olhar ou se é na dor que intento este prazer, nada é tão simples de tão enigmático, repousa a mão no presságio que comovido olha e deixa escapar a dor, condenada nas linhas da inocência, essa dor que ama sem cura e sofre sem remédio, confesso-me calado perante essa beleza, perdido perante os braços da quietude, entrego-me ao silêncio...

Anjo

Ausente que estou do teu olhar, contra o vento de afectos, debico o sentir da tua presença no meu pensamento, dorme o resto do corpo e mordem-se de deleite os lábios da alma, os braços que feitos de sombras e de íntimas aflições seguem a penumbra de um traço profundo no silêncio que adormece o medo. A linha da vida é difusa e até pode parecer com a linha do destino, mas sou eu, sou eu quem desenha e escreve de mim, sou eu quem cheira a terra após a chuva, é de mim que parte este velho testamento, é de mim que grita a raiva e a busca da resposta, é, provavelmente, o que faz a diferença, encontrar no meu mistério a inquietude, habitar no silêncio e abrigar a dor, fazer deste desejo o objecto do desejo de ser olhado. Acredito em ti meu Anjo.

Abraço

Pegamos ao acaso numa palavra, agora no que ela significa, o seu verbo, depois manuseamos o texto com arrepiantes adjectivos e golpes de escrita que achamos criativa, trabalho solitário este de desenhar a escrita em busca do abraço. Encontrado que está o dito, perdemo-nos na história com que tecemos o sentir e parecemos meninos a quem tiraram o brinquedo, do teu gesto, do teu toque, da tua presença desabam as estrelas e pedaços de lua cheia, as pernas tremem e o mar vai temperando as areias que escaldam e anunciam o inicio do susto que oculta o medo da verdade que sentimos, em torno de mim rodopia a tua cintura, em torno de ti ancoram os meus sentidos, finalmente fechas os olhos até pegarmos em outras palavras, em busca de outro abraço...  

Pintura

E se um dia retorquir, se um dia soltar a minha intuição, se um dia fizer uma pintura sem nenhum recado, assim, encurralado no meu próprio papel, naquele que me atribuiram, sou capaz de vir até junto a ti, acender a minha verdade, reflectir sobre o pensamento e levitar com a mesma leveza que esse sorriso traduz, porque tudo pode ser substituído pela escrita sem nunca me importar com as consequências desse acto e da sua gramática, quem sabe, é apenas semântica, aquela que fala com palavras nunca ditas, aquela que busca o sujeito e o provérbio, essa mesmo, aquela que vive dentro de nós.

Metáfora

Escrevo-te dos arredores do teu sonho mais profundo, não muito longe do templo da tua palavra, entre a verdade e a inquietude da mesma, entre a lua cheia e o sol que desperta. Quase jurava que a brisa que sinto a bater no meu peito faz viver um mar de emoções, arrasta em mim o cheiro do teu pensamento, um vasto e acreditado silêncio como a sabedoria, esculpido que está o teu olhar na figura audaz que domina o vale do destino, mas o que mais impressiona neste sufoco em que me enredo de doces aflições são os versos que suspiram do nome e que dizem, por caminhos já traçados, vivemos do fascínio que falam em metáfora, vivemos a alma que nos despe com o olhar, vivemos num outro ruído que sobra das palavras que se não dizem...

Sempre

Começo sobre ti, tenho amor e certeza, tenho tempo no teu tempo de silêncio, é a ínfima parte de um sonho que perdi, um sonho libertado que já o tinha esquecido. É um sinal. Espero o momento pela sombra escondida, ouço uma voz que me lembra a tua, passei pelo risco de sofrer por não saber ler o silêncio, é um sinal, um sinal para recomeçar, é o caminho para voltar, é onde tu me quiseres, sem cor, sem tom, simplesmente com verdade, eu sei que sou o que sempre desejei, a fala que escrevo, que fala a quem me lê, é meu, é teu, é de além mar ou mais, eu vou, eu estou onde tu me quiseres, porque no amor nunca é demais amar, sem norte, e sem destino, irei de peito aberto para onde o rumo me levar, o pranto que sinto cada vez que te canto, que te sinto, o sentir como sentido do que sentes por mim, eu vou, eu estou onde tu me quiseres,   és parte de mim e deste momento, e, se um dia, se distante estiveres, estarei aqui por ti, como dantes, agarra-me este noite, sente o tempo que perdi e q...

Encontro

Fui ao teu encontro pelo céu, cresci com o encanto de correr para ti, escondido nos teus braços, vi a estrela mais bonita, vi o sorriso mais sincero, montado nos teus joelhos percorri, segui os teus conselhos e voltei a lembrar o dia, esse dia.   Os teus olhos são esperança, os meus, um olhar distante, fui onde a vista alcança, deixei de ser quem sou, ainda durmo à lareira e sinto a tua essência no aconchego do meu ser, nada sei para além de tudo, ainda sofro pela verdade que esconde a próxima vez, não vou estar em mim se te quiser, mesmo que eu diga que tudo foi confusão, não falo com o coração, se é tarde ou cedo, se é hoje ou amanhã, agora ou nunca, pouco interessa, enquanto a música não me acalmar, o meu vicio por ti não vai passar, porque esmorece mas não esquece, porque o teu poema é um corpo que respira em céu aberto, no teu encanto existe a dor e a coragem de uma força viva, existe a noite, o riso e a certeza, no teu poema existe o silêncio, aquele que grita sem ...