Da realidade se faz o sonho, esse que dizem comandar a vida, esse que por doce enigma não revela se é o corpo ou a mente, nesse sonho onde tudo pode e deve acontecer, onde o desejo se transforma numa nua e cruel realidade, numa visão de dor, de tão nobre e bela que é, caminho por esse lugar, onde imagino a tua presença, onde estás na realidade, sentada junto ao fogo, desnuda de todos os desejos e preconceitos, simplesmente presente e a desvendar a cor, o sentir, uma visão de emoções, de palavras que não se dizem, que se sentem, de um olhar que não se vê, que se troca, de um gesto que não toca mas arrepia, assim, sentado ao teu lado a admirar o que a alma me vai dizendo, perdido nessa lua cheia onde distingo o teu ser no amor, no alvoroço de um sonho que não me deixa dormir, nas palavras que não me deixam falar, que servem em murmúrios para se agarrar à vereda de um texto, a arte do sonho que se envolve em corpos suados, imaculados, que olha pela janela e espreita o frio, que impressiona a alma, que se agasalha de tremores, que corre pelas veias, que vive no silêncio, que perturba as palavras, o sonho que desabotoa a camisa, que deixa cair a saia, que insinua, que se agita, que renova, que aperta, que abraça, que sorri, que entrelaça, esse sonho que é tudo o que substitui a escrita e a fala, sem importar as consequências, sem rasgar o amor...
Na descoberta de uma nova palavra somos confrontados com tantas que não conhecemos que nos apraz dizer que dentro de nós existe sempre algo desconhecido, que neste dia, alguém irá aparecer, falar e dizer qualquer coisa que por nós nunca foi ouvido, a isto chamamos crescer, aprender e respeitar atitudes e comportamentos que desconhecidos podem pronunciar a melhor razão do saber.
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