Preenchemos os nossos dias de razões fúteis e palavras sem
propósito, posições extremas e a maior parte das vezes mal
entendidas, falamos alto e dizemos mal de tudo e de todos,
ridicularizamos o que achamos incorreto e esquecemo-nos das nossas
imperfeições e defeitos, somos humanos e gostamos de o ser, “fala
por ti”, dizem os que me estão a ler, verdade, eu falo também
por mim…, no entanto, existe... um tesouro que cada um de nós
terá de encontrar, aquele que ouve o nosso silêncio, que não nos
deixa partir sem o seu bater, que está apegado a nós, que destina
a nossa vida e que, ainda assim, poucos são aqueles que seguem o
caminho por ele traçado, o caminho da consciência e da felicidade,
da generosidade e fraternidade, da ambição e da coragem
devidamente medidas, da face e da outra face, do desejo e da
verdade. Na maior parte das vezes, vamos ao encontro do mais fácil,
e o mais fácil é olhar o mundo através, somente, dos nossos
pequeninos olhos, e quão pequenos são os nossos olhos à vista de
outros olhos tão pequenos como os nossos. O tesouro, o nosso
coração, deixa de se ouvir, bate, bate e torna a bater e nós não
o ouvimos, fala, fala e torna a falar e nós não o ouvimos, escuta
o que outros dizem e nós não o ouvimos, ele entristece-se,
angustia-se, atormenta-se, clama e nós não o ouvimos, com o tempo,
esse coração, o nosso, fala cada vez mais baixo, mais baixo, já
só sussurra, ouve cada vez menos e nós…nós só o vamos ouvir no
dia em que ele decidir parar de falar, aí, tudo fará sentido.
Na descoberta de uma nova palavra somos confrontados com tantas que não conhecemos que nos apraz dizer que dentro de nós existe sempre algo desconhecido, que neste dia, alguém irá aparecer, falar e dizer qualquer coisa que por nós nunca foi ouvido, a isto chamamos crescer, aprender e respeitar atitudes e comportamentos que desconhecidos podem pronunciar a melhor razão do saber.
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