Não sei, não sei desse barulho, desse longo e intenso barulho que um dia ouvi do teu colo, das escadas que subi, da varanda que espreitei, da viagem que fiz, do decorrer do destino, não sei, não sei desse barulho que só o silêncio consegue entender, que irrompe das cinzas como uma espécie de luar, que deixa pelo chão a sua forma, que declama no palco trágico do meu ser, nesse rosto que descubro de olhos fechados, que comovido, deixa escapar essa dor, essa dor que nos junta, que nos entretece, que nos alia num só e único mundo, não sei, não sei do substantivo, do pronome, não sei da primeira pessoa, ou da terceira, não sei do verbo, nem da alcunha, não sei do preâmbulo, nem desse exercício, o da intimidade, não sei da prosa nem da poesia, não sei da tarde de sol poente, muito para além da rebentação das ondas, não sei até onde consigo ver, não sei viver o dia sem ver a noite, à espera de saber se existe algo para lá destes despojos que a vida insinua, é um desenlace,...