No dia em que as palavras me faltam,
sou o desenho encurralado na própria deixa do papel, apoio as minhas mãos
neste livro a que chamo vida e tento desfolhar uma página de cada vez, tento
ler o que o silêncio me escreve e escutar as palavras deste mudo e surdo
sentimento, deste diálogo inconcluso entre a leitura e a escrita, o que resulta
no extremo, é um manifesto de culto pelo belo e incomparável sabor a
letras. Esta é a verdade que se lê e que se ouve de palavras que emergem
do corpo e do desenho, palavras que não são mais que um pedaço de segredo,
do que vi no teu olhar, é tudo o que afago para este dia sem cor e parco de
sentidos. Hoje careço dos teus verbos, mesmo que sejam proferidos no sossego
mútuo do nosso estigma, careço desse sentido que dás só ao olhares para mim
pelo canto desses olhos, de uma intensidade sem fim, premente de dias, de
segundos incessantes de infinito, dessa transcendência de nós e em nós,
substância na forma e no ser, na sensualidade e na consciência. Fico refém
dessa sonolência que me incendeia o corpo e me condena na inocência deste
esplendor inebriante.
Na descoberta de uma nova palavra somos confrontados com tantas que não conhecemos que nos apraz dizer que dentro de nós existe sempre algo desconhecido, que neste dia, alguém irá aparecer, falar e dizer qualquer coisa que por nós nunca foi ouvido, a isto chamamos crescer, aprender e respeitar atitudes e comportamentos que desconhecidos podem pronunciar a melhor razão do saber.
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