Não tenho qualquer intenção de esculpir palavras ou desenhar pensamentos, não
tenho e jamais terei o prenúncio de fazer repousar as palavras antes de serem
ditas, comovo-me com a felicidade de uns olhos que choram de alegria,
intento nos passos a comoção da partida e o gáudio da chegada, repouso as mãos
nesse mapa de sentido trágico que comanda o caminho do horizonte, nada acontece
ao acaso e o acaso acontece por nada, até para lá do olhar, no palco desse
trágico e difuso corpo que não vejo mas que sinto, nada é mais intenso que a
intensidade de viver o que nunca foi vivido, nada é mais verdade do que a
verdade desconhecida, que saudade dessa viagem que percorre o meu âmago e se
deixa levar pelo mar de tormentas, que saudade do cheiro, do aceno, do aperto,
do caminhar e do estar só, que saudade desse altruísmo que desfaz o culto do
senso comum, que saudade da pintura, da tinta, do traço, do giz e do som sem
importância, que saudade do travesseiro e da história que ainda não me
contaste, que saudade de romper o equivoco e gritar o silêncio.
Na descoberta de uma nova palavra somos confrontados com tantas que não conhecemos que nos apraz dizer que dentro de nós existe sempre algo desconhecido, que neste dia, alguém irá aparecer, falar e dizer qualquer coisa que por nós nunca foi ouvido, a isto chamamos crescer, aprender e respeitar atitudes e comportamentos que desconhecidos podem pronunciar a melhor razão do saber.
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