Prometo ser a pessoa que não sou. Prometo confessar o que jamais pensei dizer. Prometo calar-me perante a sabedoria. Prometo perder-me na tua beleza, recolher a casa nos braços do teu abraço. Prometo entregar-me a essa dança inventada por ti. Prometo o dia que vai acontecer, o dia que vou deixar viver na eternidade, o ómega. Prometo, numa tarde de sol, perante o mar e para lá da rebentação, perguntar-te até onde achas que conseguimos ir? Prometo não querer saber de onde veio, de que é feito e de quem é a falta. Prometo ousar da emoção e parecer ingénuo. Prometo olhar-te até esculpir a tua alma, até encontrar o teu verbo. Prometo o vestido curto e perder-me no nó da saudade. Prometo reinventar o prazer de navegar o corpo, lançar a âncora e dobrar o bojador na maré calma do teu precipício. Prometo o desejo e o silêncio, o que advém daí e o que sempre por ti senti.
"nenhum outro ruído é tão inquietante como aquele que sobra das palavras que se não dizem." Júlio Montenegro